Conhecendo os primórdios da cinematografia na cidade de São Paulo, Miguel Mônico teve a idéia de construir um cinema na então pequena Garça. Trabalhando dia e noite e auxiliado por seu cunhado Ângelo Manchini, construiu e montou o primeiro cinema da cidade em apenas 45 dias, inaugurado no dia 7 de abril de 1929.
A energia elétrica, ainda inexistente na localidade foi suprida por uma engenhoca montada com uso de uma camioneta Ramona/24 sobre cavaletes acionando um pequeno dínamo de corrente contínua. Foi a primeira luz elétrica a iluminar os arredores do cinema – (o primeiro cinema instalado em um barracão de madeira, com capacidade para 200 pessoas ficava exatamente onde hoje se encontra o Edifício Astúrias, na Rua Sargento Wilson).
Nesse recinto aqui citado, Miguel Mônico não se contentava em apenas exibir filmes cinematográficos – inúmeros artistas e companhias de teatro se apresentaram ali.
O cinema era mudo, mas nos dias de funções, era abrilhantado pela musicalidade da Família Souza, com destaque para as apresentações de Esmerinha de Souza ao piano, cantando e acompanhada pelos irmãos. Era emocionante e os garcenses vibravam. Datam daí as primeiras manifestações artísticas e culturais da cidade de Garça.
O “Cinema Garça” era um sucesso e Miguel Mônico então, vislumbrando o futuro, partiu para outra arrojada empreitada. Novamente, trabalhando dia e noite, ergueu o majestoso “Cine Theatro Garça”, (com capacidade para 600 expectadores e que, ainda no correr da década de 1930, foi transformado em cinema sonoro) – construído pelos saudosos construtores Alfredo Casarsa e Remo Casarsa, inaugurado em 22 de dezembro de 1932 – local onde hoje funciona a Caixa Econômica Federal, na Rua Barão do Rio Branco, esquina com Rua Heitor Penteado.
Garça, nessa época, era fulgurante em relação às apresentações teatrais que aqui eram levadas à efeito no Cine Theatro Garça – centenas de expectadores de outras localidades, como Marília, Bauru, Gália, Duartina, Vera Cruz, Lins, Cafelândia, Pirajuí, Ourinhos, aqui aportavam para se divertirem.
Prosseguindo em sua saga, Miguel Mônico vislumbrou e materializou a construção do Cine São Miguel – Praça Pedro de Toledo, com capacidade de 2.000 lugares, posteriormente reduzindo para 1.600 lugares, para se adaptar à tecnologia necessária aos filmes em “Cinemascope”, inaugurado em janeiro de 1952. Nesta sala também foi erigido um dos maiores palcos teatrais do Brasil. Dotado de todos os requisitos técnicos, inclusive com uma altura de mais de 16 metros, propiciava a oportunidade da colocação técnica de toda sorte de cenários, com mudanças rápidas de uma cena para outra. Para quem entende das artes da ribalta, é um luxo só! Dezenas de companhias ali se apresentaram. Artistas brasileiros e estrangeiros foram ali delirantemente aplaudidos pelos garcenses e pelos “habituès” das cidades circunvizinhas.
Estamos relembrando toda essa valiosa historia do cinema em Garça para informar que foram localizadas peças de dois projetores do antigo Cine São Miguel e que foram restaurados por um servidor municipal e se toranaram em um só projetor que os garcenses terão a oportunidade de conhecer ao visitarem o Teatro Municipal de Garça.
Devemos ressaltar, com ênfase, que nas três citadas casas cine-teatrais construídas e mantidas por décadas pela figura de Miguel Mônico, em primeiro lugar era bem-servir os expectadores – não havia somente a expectativa do lucro, mas acima de tudo a colaboração para com a comunidade. Essas três citadas casas serviram também para reuniões cívicas, festas de formaturas, sessões cinematográficas gratuitas e também muitas outras destinadas à filantropia para com as entidades de Garça, inclusive para campanhas do Hospital do Câncer, de São Paulo.
Convidamos a toda população para visitar e prestigiar os espetáculos no Teatro Municipal "Sala Miguel Mônico' e conhecer a peça que está no hall de entrada do local.
*ATENÇÃO* Acompanhe no Alternativa Noticias desta quinta (21) as 7h e às 11h, mais detalhes com entrevista completa sob esta reportagem.