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Entre os mandados mais antigos, quatro têm mais de 30 anos. A falta de integração entre as forças de segurança pública é apontada como uma das principais causas para essa demora. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, apresentada pelo governo em outubro, visa promover a integração das polícias e padronizar boletins de ocorrência e mandados de prisão.
Uma das mudanças almejadas pelo governo com a PEC é padronizar boletins de ocorrência, mandados de prisão e certidões de similar ao que ocorre no Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecendo uma linguagem unificada entre as forças policiais.
Alguns casos chamam atenção pela complexidade e antiguidade, como o de João e João Maria Ferreira, procurados por homicídio desde 1991. Após 32 anos, um dos irmãos foi preso, enquanto o outro não foi detido devido a problemas de saúde.
Conforme o relatório policial, após beberem, os dois — à época, com 23 e 34 anos, respectivamente – começaram a xingar a vítima que, ao questioná-los, foi agarrada e esfaqueada 17 vezes, na frente da mulher e da filha.
Os autores fugiram, a polícia concluiu as investigações e o Ministério Público denunciou ambos os irmãos pelo assassinato. Em 1993, a Justiça do Maranhão determinou que fossem presos preventivamente para serem julgados. Os réus, entretanto, nunca foram encontrados.
Na quarta-feira (13), João e João Maria foram localizados em Teresina, cidade vizinha de Timon. João, que trabalha como estivador, foi preso. João Maria não foi detido por estar internado em razão de um acidente vascular cerebral, segundo as autoridades maranhenses. O delegado-geral do Maranhão, Almeida Neto atribui a demora no cumprimento de mandados judiciais a falta de estrutura das polícias.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), Rodolfo Laterza, destaca que a falta de um banco de dados integrado dificulta a localização de suspeitos, especialmente em casos de crimes graves como homicídio e latrocínio.
A falta de integração é mais evidente em casos nos quais os procurados vivem em estados diferentes de onde são investigados, apontam especialistas. Como o g1 mostrou, 10 procurados da Justiça em investigações criminais de um estado lançaram-se candidatos em outro estado nas eleições 2024.
Os especialistas apontam que, por falta de integração, mesmo pessoas que eventualmente já estão detidas podem constar, ainda, como procuradas. Além disso, também alertam para o impacto que o cumprimento de todos os mandados teria sobre a superlotação dos presídios brasileiros, que já enfrentam um déficit de 174 mil vagas.